
Às vezes a gente se vê num reflexo ao vagar pelas ruas, mas ao olhar se estranha, se observa e se procura. Não se reconhece. Muitas vezes também fazemos isso com fotografias antigas e memórias, lembranças de uma pessoa que fomos, e já não somos mais. Eu não sou o que eu quero, o que eu gostaria, eu sou o que me aconteceu. Penso sempre. Mas, onde menos espero me vejo, num sorriso, na lembrança que alguém tem de mim, nos versos de um poema de Cecília... Prazer, essa ainda sou eu: "Não sou a das águas vista nem a dos homens amada; nem a que sonhava o artista em cujas mãos fui formada. Talvez em pensar que existia vá sendo eu mesmo enganada Quando o tempo em seu abraço quebra meu corpo, e tem pena, quanto mais me despedaço mais fico inteira e serena. Por meu dom divino faço tudo a que Deus me condena. Da virtude de estar quieta componho meu movimento. Por indireta e direta, perturbo estrelas e vento. Sou a passagem da seta ...