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Mostrando postagens de 2013

pequeno conto de amor

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Estava ali. Sentada naquele banco, atirando pipocas aos pombos, como se quisesse atirar junto seus problemas ou a própria vida. Tinha um bom emprego, uma casa confortável e até estava saindo com uma cara legal, mas também tinha um vazio que não sabia como preencher. Levantou-se de cabeça baixa, saiu arrastando os pés, mexendo no celular e então esbarrou nele, o jogou no chão. Pediu desculpas, atordoada estendeu a mão para ajuda-lo a levantar, sem resposta. Percebeu a gafe, ele não enxergava e deu um suspiro de alívio por ninguém tê-la visto nessa cena patética com a mão estendida para um cego. Abaixou-se e o pegou pelo braço e se desculpou mais uma vez. Ele era cego há muito tempo, desde a infância. Estudava música e fazia aulas de dança em uma escola de artes ali perto da praça. A convidou para acompanha-lo. Ela estava atrasada, tinha uma reunião, porém não foi. Não queria que ele pensasse que ela tinha inventado um compromisso como desculpa para não aceitar o convite dele. Es

Reescrevendo o eco do fracasso

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Licença Pessoa, mas vou reescrever essa poesia que me atormenta por anos e anos... como um eco de fracasso permanente em meus dias... Tudo que faço ou medito não ficará mais na metade querendo não quero mais o infinito fazendo agora será verdade. Que nojo? de mim não fico tenho orgulho ao ver o que faço minha alma é lúcida e rica jamais voltarei a ser saraço... Um mar onde não boiam lentos fragmentos de um mar de além... Vontades e pensamentos eu sei e sei-o bem! __________________________ __________________________ ___ ORIGINAL Tudo o que faço ou medito Fica sempre na metade. Querendo, quero o infinito. Fazendo, nada é verdade. Que nojo de mim me fica Ao olhar para o que faço! Minha alma é lúcida e rica, E eu sou uma mar de sargaço- Um mar onde boiam lentos Fragmentos de um mar de além... Vontades ou pensamentos? Não o sei e sei-o bem. FERNANDO PESSOA
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Eu, velhinho de óculos a enfrentar a máquina pela primeira vez... Cheia de letrinhas em teclas e mais teclas que não são letrinhas. E aperta essa junto com aquela que fica grande, e mais essa com essas duas que são o grau... Muitas coisas pra guardar na minha memória tão cheia de boas lembranças da vida que vivi fora dessa telinha...
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Era feliz e não sabia. Passava distraído pelo dia, a andar como quem só caminha, sem se preocupar onde o caminho vai dar. Era feliz e não sabia... Em casa tinha alegria, mas não via, Na rua tinha harmonia e não sentia, Vivia como se fosse obrigado a viver. Então, era uma vez... E a vida, ou quem sabe o tal do destino, Resolveu rufar seus ventos sobre ele E nada nunca mais foi igual. Viu a alegria da casa partindo A harmonia da rua ruindo E o assobio do dia calar Era infeliz, e agora sabia. Juliana Guzzo Vieira