pequeno conto de amor
Estava ali. Sentada naquele banco, atirando pipocas aos pombos, como se quisesse atirar junto seus problemas ou a própria vida. Tinha um bom emprego, uma casa confortável e até estava saindo com uma cara legal, mas também tinha um vazio que não sabia como preencher. Levantou-se de cabeça baixa, saiu arrastando os pés, mexendo no celular e então esbarrou nele, o jogou no chão. Pediu desculpas, atordoada estendeu a mão para ajuda-lo a levantar, sem resposta. Percebeu a gafe, ele não enxergava e deu um suspiro de alívio por ninguém tê-la visto nessa cena patética com a mão estendida para um cego. Abaixou-se e o pegou pelo braço e se desculpou mais uma vez. Ele era cego há muito tempo, desde a infância. Estudava música e fazia aulas de dança em uma escola de artes ali perto da praça. A convidou para acompanha-lo. Ela estava atrasada, tinha uma reunião, porém não foi. Não queria que ele pensasse que ela tinha inventado um compromisso como desculpa para não aceitar o convite dele. Es