Às vezes a gente se vê num reflexo ao vagar pelas ruas, mas ao olhar se estranha, se observa e se procura. Não se reconhece.

Muitas vezes também fazemos isso com fotografias antigas e memórias, lembranças de uma pessoa que fomos, e já não somos mais.


Eu não sou o que eu quero, o que eu gostaria, eu sou o que me aconteceu. Penso sempre.


Mas, onde menos espero me vejo, num sorriso, na lembrança que alguém tem de mim, nos versos de um poema de Cecília...

Prazer, essa ainda sou eu:

"Não sou a das águas vista
nem a dos homens amada;
nem a que sonhava o artista
em cujas mãos fui formada.
Talvez em pensar que existia
vá sendo eu mesmo enganada

Quando o tempo em seu abraço
quebra meu corpo, e tem pena,
quanto mais me despedaço
mais fico inteira e serena.
Por meu dom divino faço
tudo a que Deus me condena.

Da virtude de estar quieta
componho meu movimento.
Por indireta e direta,
perturbo estrelas e vento.
Sou a passagem da seta
e a seta, – em cada momento.

Não digas aos que encontrares
que fui conhecida tua.
Quando houve nos largos mares
desenho certo de rua?
E de teres visto luares,
que ousarás contar da lua?"


Eu me reinvento todos os dias...





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