Sobre a felicidade e operações matemáticas simples...





Nunca somos inteiros. Com o passar dos anos cada vez menos pertencemos só a nós mesmos e as nossas vontades. Já nascemos pertencendo a outras pessoas, mãe, pai, família e pela vida seguimos nos dividindo.

Às vezes é soma, pois também nos tornamos donos de outras pessoas, outras é multiplicação, pois geramos outras pessoas que também nos pertencem. Mas a divisão é a parte que dói, é a que mais sentimos, é a que tira muitas vezes a beleza das outras operações.

A divisão nos faz sofrer, entre o que queremos e o que devemos, separando um pedaço de nós para cada um que devemos e queremos dar atenção, muitas vezes não nos sobra nada de nós mesmos. Não nos sobra tempo para nos fazermos felizes.

Sinto no pesar dos dias que a divisão nos diminui, nos rouba de nós mesmos. Pergunto-me várias vezes se vai existir tempo para sermos felizes depois. Se aquele beijo ainda vai estar lá, se aquele abraço não vai cansar de esperar, se aquele amor que merecemos não vai procurar alguém mais inteiro para lhe completar... penso, penso, existe sofrimento no pensar.

Espero coragem para nos dividirmos menos, ou sabedoria para nos dividirmos melhor entre o que devemos e o que queremos. Espero, no sentindo esperançoso do verbo esperar, que chegue o belo dia que a soma do todo se aconchegue no nosso peito e a gente possa só somar, contar as horas a mais, sem nos darmos conta do tempo que falta e só sermos felizes no que sobra. E então, enfim, a vida seja a soma das felicidades que a gente tanto passa as horas querendo encontrar para viver.


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