Fragmentos sobre a loucura...
Na cabeça, fadiga de quem viveu muito e nada
viveu.
Eu conto as horas no
calendário. Vejo o tic-tac dos dias passar. Alimento-me das lembranças de coisas
que não vivi. Rio de situações que não tiveram graça, choro por aquelas que não
se devia chorar.
Tudo faz sentido, não faz?
A lucidez é insuportável para
mim...
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Não há nada mais entediante do que viver o mundo
como ele é.
Prefiro meu olhar de
criança, meu agir de moleque travesso, meus sonhos de menina
iludida.
Se achares que estou
louca, por favor, não me alerte. Cada um tem o direito de viver como bem
entende. Não pense que a loucura será a minha desgraça, porque ela é a minha
escolha.
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Sei que tenho cinqüenta anos, mas prefiro pensar
que tenho só quinze. Visto-me com roupas de três décadas atrás, falo como os
adolescentes de hoje e sonho com os filmes em preto e branco de outrora.
– Louca! – Você dirá. Porém, tudo depende do ponto
de vista.
Você acorda cedo todos os dias e conta as rugas
diante do espelho. Leva duas horas para chegar a um lugar onde você ficará pelo
menos oito horas preso, longe de quem você ama, cercado de pessoas que não
gostam de você. Levará mais duas horas para chegar em casa e quando chegar vai
encontrar seus filhos dormindo, sua esposa cansada.
– Louco! – Eu direi. Porém, tudo depende do ponto
de vista
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Louco é quem não sabe o que faz.
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O mais insuportável de ser louco são os momentos de
lucidez.
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Por favor, me tranquem no poço da loucura e joguem
a chave fora. Para aí eu não quero voltar!
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Sei da importância do meu tratamento, por isso não
vou embora daqui. Meu jeito de agir, de pensar e de ver o mundo justifica a vida
desses pobres psicólogos. Se eu me for o que será deles? Ficarão loucos de
verdade...
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Sei que nada justifica eu dizer que voo, mas se eu
voo o que há para se justificar.
Inveja que sentem de mim por estarem no chão. Se
mudarem de ideia, podem subir no meu avião. Tem lugar para todos nas asas da
minha loucura.
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